10 de abril de 2009

São Paulo no caminho da moda das Índias
Desde que novela é novela, a moda das ruas é ditada por uma personagem que esteja em evidência. Foi assim com a maquiagem e as jóias de Jade, de O clone; com a minissaia jeans de Darlene, em Celebridade, e com os vestidos românticos de Vitória, de Belíssima. A quantas será que anda Caminho das Índias, a atual novela das nove da rede Globo?
Prevendo a influência que a novela, que tem tudo a ver com a Índia, teria sobre o comércio popular, lojistas do bairro Bom Retiro e da rua 25 de março, os dois redutos de moda barata em São Paulo, correram atrás de fornecedores de batas, caftãs, sáris e bijoux, imaginando lucrar com o mais novo modismo transmitido via tevê. Acertaram.É só colocar os pés nos arredores da 25 para checar o melhor termômetro das manias-de-novela: os camelôs. Mais da metade deles vende brincos, pulseiras e colares com inspiração indiana e presos em embalagens que levam fotos dos personagens – Juliana Paes ganha disparado (será que ela sabe disso?).
A novela não decepcionou e uma boa prova disso é o ambulante Geraldo da Silva. Ele vendia artigos importados, mas trocou tudo por acessórios coloridos quando soube que a novela se passaria na Índia. “Vendo em média 30 pulseiras por dia, por R$ 5 cada. É um número bom”, conta ele. Em outra barraca, o sucesso são os bindis adesivos (para serem colados como terceiro olho ou, acredite, como enfeite de cabelo). Maithe Medeiros, responsável pela seção de adesivos do camelô (sim, eles têm divisões), garante vender R$ 800 por dia só com esses itens. O grande hit dos acessórios de calçada, porém, é o brinco de malha de metal, que não tem nada a ver com a cultura indiana, mas sai que é uma beleza. “Ele ficou famoso por causa da personagem Maya, que usou um parecido. E porque uma moça do Big Brother usava”, explica dona Edith Silva, que tem três barracas na rua e garante vender 50 pares do brinco (que custa R$ 2) em cada uma delas, por dia.
Curiosidade: nessa miscelânea de referências, até os temperos típicos viram tendência. Cilene Silva, vendedora da Casa Shiva, tradicional loja indiana da rua 25 de Março, conta que as pessoas entram na loja, que só tem roupas e objetos de decoração, perguntando sobre temperos e comida. Experiente no assunto, ela acredita que a novela não vai influenciar o guarda-roupa da brasileira. “A moda indiana é muito colorida, as pessoas têm vergonha de usar na rua”. Ela deve ter razão. É que no Bom Retiro, poucas são as lojas que vendem trajes típicos. Mas ninguém perde tempo ali, não. Os desenhos de cashmere, a estampa típica indiana, dominam as vitrines. E há batas e vestidos típicos que não são o foco das vendas, mas fazem volume e ajudam a criar um clima de “estou atualizada” ali nas araras, em meio a vestidos de algodão, seda, tafetá e peças com estampa de onça - o verdadeiro sucesso da José Paulino, a principal rua do bairro.
Se a moda das Índias se resume a acessórios baratos e estampas étnicas, a moda das bancas de jornal e embalagens em geral se limita à figura de Juliana Paes, a Maya. Perceba que o rosto dela está sendo incansavelmente estampado em capas de revistas, tags de produtos e campanhas publicitárias que vão parar até em ônibus. Conclusão?
Se alguém virou moda com esta novela, foi a atriz.

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